quarta-feira, 22 de junho de 2011

De volta ao inferno

As viagens no tempo sempre tiveram lugar garantido nas salas de projeção dos cinemas. Elas deram origem a odisseias clássicas, como A Máquina do Tempo (The Time Machine, 1960), que adaptou a ida de um inglês vitoriano ao remotíssimo futuro descrita por H.G. Wells; a histórias românticas, como Em Algum Lugar do Passado (Somewhere in Time, 1980); e às bizarrices de uma dupla de adolescentes em Bill e Ted - Dois Loucos no Tempo (Bill & Ted's Bogus Journey, 1991). Menos comuns são os filmes que aproveitam o tema para explorar outra vertente da ficção científica: a história alternativa. Afinal, o que aconteceria se pudéssemos modificar algum detalhe crucial do passado?

Um dos filmes que trata dessa questão não é nenhum clássico do gênero, como o primeiro Efeito Borboleta (The Butterfly Effect, 2004). É uma sessão da tarde assumida, com momentos toscos e falhas de roteiro – mas nem por isso deixa de ser divertido! Dirigido por Don Taylor (de A Profecia 2/Omen 2, 1978), Nimitz - De Volta ao Inferno (The Final Countdown, 1980), que durante um tempo foi frequentador dos Corujões da vida, conta a história de um analista de sistemas (Martin Sheen) que acompanha uma viagem de manobras do porta-aviões nuclear Nimitz, comandado por um irascível Kirk Douglas.

No entanto, um fenômeno meteorológico nunca explicado abre uma fenda no tempo, que transporta a embarcação e sua tripulação para – adivinhe – a véspera do ataque japonês a Pearl Harbour. Como o porta-aviões saiu de sua base no Havaí, está beeeem próximo das forças nipônicas. E aí surge a questão: deve interferir na História e dizimar a frota do Sol Nascente? Ou deixar as coisas seguirem seu curso?



Há aquele momento clássico, explorado em diversos filmes e séries de TV, na qual personagens do passado entram em contato com pessoas e tecnologias do futuro – gerando choque, incredulidade e reações inesperadas (ou nem tanto). Há, claro, uma tentativa de historinha romântica; o personagem mais idealista; o comandante consciente do dever; e o falastrão que só atrapalha. Mas vale como divertimento descomprometido para uma tarde chuvosa.


Ficha técnica:

Nome original: The Final Countdown
Ano: 1980
Elenco: Kirk Douglas (Cap. Matthew Yelland), Martin Sheen (Warren Lasky), Katharine Ross (Laurel Scott).
Direção: Don Taylor
Tempo de duração: 1h43

Sérgio Siscaro

The Commitments




Por Ana Lucia Venerando

Filme maravilhoso. Trilha sonora delíciosa. Esta é a melhor maneira de definir The Commitments – Loucos pela Fama (1991), direção de Alan Parker. Apesar do filme ter a sua classificação como drama, não há drama na história que supere a vontade de cantar e dançar junto com sua trilha sonora.
No subúrbio de Dublin, Jimmy Rabbitte (Robert Arkins), um jovem de 21 anos sonha em ser empresário de uma banda de soul. O primeiro passo é encontrar a galera certa para a formação do grupo. Os mais inusitados seres batem à sua porta, com por exemplo, um punk cantando Barry Manilow e por aí vai...
Claro que, morando em Dublin, há a interferência católica da família de Jimmy. Mas que não supera a devoção de todos a Elvis Presley. Na parede da sala da famíla, por exemplo, o retrato de Elvis está acima da foto do Papa. Também são apresentadas as mazelas da caótica e cinza Dublin.
Depois das incansáveis entrevistas com os pretendentes, Jimmy consegue formar sua banda com três bons, mas inexperientes músicos, três sensuais garotas no backing vocals, um veterano trompetista e um cantor com uma voz fantástica – só que pra lá de egocêntrico e sujo. A encrenca está formada.
Os ensaios são muitos até que a banda consegue fazer seu primeiro show. O evento tão esperado ocorre no salão da igreja local com aprovação do padre. Após o conturbadíssimo show, com direito a choque elétrico , o grupo começa a fazer sucesso e tocar nos pubs da cidade.




Jimmy quer muito mais. Ele quer que a nova banda desbanque o U2. E como seu pai disse: “Bono Vox deve estar morrendo de medo...” Mas a banda realmente é muito boa.
Infelizmente cada integrante está com um propósito e falta maturidade para que eles mantenham a “pegada” juntos. A última esperança é a possibilidade de Wilson Pickett –grande figura do soul norte-americano – tocar junto com eles em um esquema armado pelo trompetista do Commitments. Agora só resta saber se Picket aparecerá no show...
Assisita e confira.
Detalhe: O filme rendeu dois ótimos volumes de CDs.




Título Original: The Commitments
Gênero: Drama
Ano de lançamento: 1991
Tempo de Duração: 118 minutos
Direção: Alan Parker


terça-feira, 21 de junho de 2011

Pânico 4





Por Ana Lucia Venerando

Do you like scare movie? A conhecida frase do vilão (ou vilões) do Ghostface está mais do que presente na quarta continuação de Pânico. Uma sessão da tarde engraçadinha, que deixa de lado o ar de suspense proposto pelo diretor Wes Craven, na primeira história da tetralogia lá em 1996.

Todo o massacre ocorrido em Wodsboro no primeiro filme da saga se torna um motivo de comemoração anual. Os adolescentes da cidade celebram o aniversário dos massacres, espalhando a conhecida máscara de Ghostface pela cidade e organizando festas com maratonas dos filmes Stab – baseados nas histórias reais de Sidney .

E, é justamente nesta época, que a mocinha, não tão mais mocinha Sidney Prescott (Neve Campbell) retorna à sua cidade natal para o encerramento da turnê de lançamento de seu livro de auto-ajuda, no qual ensina como deixar de ser vítima.

Logo começam os assassinatos. A trupe formada por Sidney, Gale (Couteney Cox) e seu marido Dewey (David Arquette), agora xerife da cidade, tentam sobreviver e descobrir quem está por trás das novas e cruéis mortes. Agora a preocupação do vilão é ganhar notoriedade e fãs – um paralelo com as redes sociais.

Título original: (Scream 4)
Ano de lançamento: 2011
Direção:Wes Craven
Atores: Courteney Cox, Neve Campbell, David Arquette, Hayden Panettiere
Duração: 111 minutos
Gênero: Terror


A Montanha dos Sete Abutres





Por Ana Lucia Venerando

Este post é em homenagem ao diretor Billy Wilder, que nesta semana (22 de junho) completaria 105 anos. E, também, porque após seis décadas de sua estreia, o filme A Montanha dos Sete Abutres (Ace in the Hole) continua mais atual do que nunca já que explora durante dias a mesma notícia com a inserção inescrupulosa de factóides.

Kirk Douglas interpreta maravilhosamente Charles Tatum – um jornalista decadente, sem nenhum dinheiro no bolso, despedido de vários jornais por inúmeros motivos, um deles sua atração pelo álcool. Sua única saída é trabalhar no insignificante jornal de Albuquerque, uma cidadezinha localizada na região do Novo México e carente de notícias.

Antológica é a frase de Tatum quando chega no jornal oferecendo os seus serviços. “Se não tiver notícia aqui, consigo uma - vou pra rua e mordo um cachorro”. Ou então : “Más notícias são as que mais vendem”.

Com suas frases de efeito, Charles Tatum consegue o emprego. Mas um ano se passa e nada, absolutamente nada, acontece em Albuquerque que possa motivar o jornalista a permanecer na cidade, mesmo sabendo que sua contratação em grandes jornais está totalmente descartada.

Totalmente entediado, Charles Tatum começa a entrar em desespero até que, ao fazer uma viagem para cobrir uma infestação de cobras no vilarejo vizinho, ele identifica sua oportunidade de ouro.

Quando ele e seu companheiro Herbie Cook (Robert Arthur), mistura de fotógrafo, auxiliar e motorista, param para abastecer o carro, descobrem que um morador local , Leo Minosa (Richard Benedict), foi soterrado em uma caverna em busca de relíquias indígenas.

Mais do que depressa, o oportunista Tatum prolonga um resgate que levaria algumas horas em um “circo” que leva seis dias para ter seu desfecho. Ele aproveita a ganância não só da mulher de Minosa mas também do xerife local, que quer garantir seu cargo nas eleições que se aproximam.

Um belo e ácido filme do diretor Billy Wilder, que transforma 111 minutos de filme em quatro anos de faculdade de jornalismo.

Título Original: Ace in the Hole
Lançamento: 1951
Direção: BillY Wilder
Atores: Kirk Douglas, Jan Sterling, Robert Arthur, Porter Hall
Duração: 111 minutos
Gênero: Drama


segunda-feira, 6 de junho de 2011

O poder do trovão, na sala do cinema





Onde o arco-íris é ponte
Onde vivem os imortais
O trovão é seu porta-voz
O barra-limpa, o grande Thor!


Por Sérgio Siscaro

Poucos vão se lembrar desses versos. Eram a letra da música de abertura do desenho “desanimado” do Poderoso Thor, feito nos anos 60 – e que foi a última aparição do personagem da Marvel na mídia – excetuando-se, claro, um sofrível filme para TV no qual ele enfrentava o Hulk. Desde então, o Deus do Trovão passou por várias mudanças nos quadrinhos – mudando de identidade secreta, “morrendo” e ressuscitando, trocando de uniforme etc. Agora ele chega à telona, dentro do esforço de se criar uma continuidade alternativa dos principais heróis da editora – como Hulk, Capitão América e Homem de Ferro – nos domínios da sétima arte.

O filme muda vários detalhes da origem e da história estabelecida para o Thor nos quadrinhos, mas busca manter o essencial, de forma “repaginada”. Não é um fracasso como a primeira transposição do Hulk para o cinema, mas perdeu várias oportunidades de fazer algo mais interessante – algo mais na linha de fantasia, a la O Senhor dos Anéis, como chegou a ser sugerido quando o projeto foi anunciado. Funciona, mas como uma Sessão da Tarde – nada mais.

A trama apresenta o deus nórdico aos terrestres, leva ele a enfrentar a ameaça dos Gigantes do Gelo e conhecer a perfídia de seu meio-irmão Loki – que, a exemplo dos quadrinhos, deverá ser o primeiro vilão do grupo Os Vingadores. Também mostra Asgard, a morada dos deuses, e muda radicalmente a ponte Bifrost (o arco-íris da música do desenho), que une o lar das divindidades aos outros oito mundos da criação – incluindo Midgard, ou a Terra.





Esse filme não se tornará memorável porque não ousou apresentar um cenário assumidamente de fantasia, incorporando a magia dos personagens (são deuses, pô!) ao roteiro. No lugar disso, foram apresentadas explicações pseudo-científicas, na linha da velha frase de Arthur C. Clarke (que é citada no filme, inclusive): quando uma tecnologia é muito avançada, fica difícil distingui-la da magia. Tudo bem, mas precisavam transformar a poesia da ponte do arco-íris em uma espécie de cruzamento entre um observatório astronômico e um reator nuclear? Sinto que faltou pouco para colocarem chips no martelo místico de Thor...

Com relação ao material original dos quadrinhos, em que pese a necessidade de se reimaginar o contexto de uma mídia ao transportá-la para outra, também houveram falhas. Um personagem importante – Balder, o Bravo – foi omitido; as características dos Três Guerreiros ficaram no esboço, e o Odin vivido pelo mercenário Anthony Hopkins não tem a estatura que se espera do Pai de Todos. O ator Chris Hemsworth, que viveu o personagem-título, foi correto, assim como Jane Foster (Natalie Portman) e sua trupe. A direção de Kenneth Branagh - um shakesperiano fanático, ao menos no começo dos anos 90 - também poderia trazer algo da fala empolada e elizabetana dos personagens, assim como nas HQs clássicas de Thor.

Por outro lado, o filme mostra a disposição de passar para a telona o senso de continuidade cronológica dos gibis da Marvel, por meio de referências meio escondidas no filme. Uma delas, óbvia para quem acompanha as HQs, é a aparição de Clint Barton – o herói conhecido como Gavião Arqueiro. Outra é a citação a Anthony Stark, e, claro, as aparições de Nick Fury (Samuel L. Jackson) no trecho que vem após os créditos finais. Esse jogo ficou mais claro ao ver Thor no cinema logo após o trailer de Capitão América, também cheio de referências. A questão é ver se isso agradará aos espectadores dos filmes sem contato prévio com os personagens, ou se vai aliená-los da franquia.


Ficha técnica



Título original: Thor
Elenco: Chris Hemsworth (Thor), Natalie Portman (Jane Foster), Tom Hiddleston (Loki), Anthony Hopkins (Odin), Stellan Skarsgård (Erik Selvig), Kat Dennings (Darcy Lewis)
Direção: Kenneth Branagh
Duração: 1h55min
País de origem: EUA