segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Cela 211



Por Ana Lucia Venerando



Raramente os espanhóis me decepcionam. E Cela 211 entra no hall de ótimos e inteligentes filmes. A interpretação dos atores é exemplar. A história tem uma boa linha de condução a partir do personagem Juan Oliver (Alberto Ammann).
Um dia antes de começar o novo trabalho como carcereiro, Juan decide visitar a prisão onde ganhará o seu sustento e o de sua mulher grávida.
Mal entra no presídio e ele sofre um acidente. Logo em seguida, um motim é deflagrado pelo chefão do local, Malamadre (Luis Tosar). Juan percebe a situação e resolve se passar por preso. Essa escolha provocará um desfecho trágico.
Uma atuação fantástica de Luis Tosar que faz o espectador se apaixonar pelo vilão Malamadre, dono de uma voz de arrepiar. Em muitas ocasiões, o preso revela possuir muito mais ética do que aqueles que deveriam ser os responsáveis por sua ressocialização.
O filme foi reconhecido com oito prêmios Goya na edição de 2010.

Ficha Técnica
Título no Brasil: Cela 211
País de Origem: Espanha / França
Gênero: Ação
Tempo de Duração: 113 minutos
Ano de Lançamento: 2009
Estúdio/Distrib.: California Filmes
Direção: Daniel Monzón


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A Fita Branca



Por Ana Lucia Venerando

Rodado em preto e branco e com uma linda fotografia, A Fita Branca (2009), é um daqueles filmes que incomodam. No bom sentido. Uma obra-prima do diretor austríaco Michael Haneke, o mesmo de Violência Gratuita (2007).

A história começa com a narração de um professor, lembrando os estranhos eventos que abalaram o pacato vilarejo de Eichwald, na Alemanha de 1914. A partir de um acidente com o médico da região, o espectador passará a ser testemunha das atrocidades cometidas por uma comunidade repressora, cruel e manipuladora, tendo como protagonistas as crianças de Eichwald.

A primeira impressão é que Haneke quer trazer em discussão o papel da sociedade alemã. Principalmente a patriarcal, que gerou fortes sentimentos de indiferença, violência e desprezo entre a geração de jovens do início do século XX, a mesma que abraçou a filosofia nazista de Hitler.

Vencedor do Palma de Ouro, o filme não pode ser visto somente sob esta ótica. Na verdade, a sua narração nos faz pensar como o autoritarismo e a intolerância podem se transformar em uma perigosa ideologia.

FICHA TÉCNICA
Diretor: Michael Haneke
Elenco: Christian Friedel, Ernst Jacobi, Leonie Benesch, Ulrich Tukur, Ursina Lardi, Burghart Klaußner, Steffi Kühnert, Josef Bierbichler
Produção: Michael Katz
Roteiro: Michael Haneke
Fotografia: Christian Berger
Duração: 2h40.
Ano: 2009
País: Alemanha/Áustria/França/Itália
Gênero: Drama
Cor: Preto e Branco
Distribuidora: Imovision


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Lobisomem



Por Ana Lucia Venerando

Quando acabei de ver este filme, fiquei me perguntando o que levou Anthony Hopkins a fazer O Lobisomem. Benicio Del Toro, outro grande ator, também protagoniza a película. Os dois (pai e filho), enfeitiçados pela maldição da lua cheia, se confrontam até a morte.

Del Toro interpreta Lawrence Talbot que, quando criança, sofre com a violenta morte da mãe e nunca voltou a morar com o pai. Duas décadas se passaram. Nesse meio tempo, Lawrence passou por um manicômio e depois de sua recuperação tornou-se ator nos palcos de Londres. Sua rotina é abalada ao receber a carta da futura cunhada Gwen Conlife (Emily Blunt), informando-o sobre uma tragédia. Como filho pródigo, ele retorna ao lar e desvenda o segredo que o consome desde sua infância.

O filme se segura pela bela fotografia e ambientação da Inglaterra do século 19. Mas isso e a modesta interpretação destes dois ótimos atores não são suficientes para impedir um ou outro cochilo do espectador.

Ah. Um detalhe. Assim como nos filmes do Incrível Hulk, o corpo se transforma mas as calças nunca rasgam...

Ficha Técnica: The Wolfman
Lançamento: 2010
Direção: Joe Johnston
Atores: Anthony Hopkins, Benicio Del Toro
Duração: 2h05
Gênero: Suspense


domingo, 20 de fevereiro de 2011

Warlock, o Demônio




Por Sérgio Siscaro

E se a fórmula de O Exterminador do Futuro fosse revertida -- e a grande ameaça para a humanidade viesse não do futuro, mas do passado? Essa é a ideia de Warlock, o Demônio (Warlock, 1989), dirigido por Steve Miner (que fez dois Sexta-Feira 13, além de Halloween H20 - Vinte Anos Depois e Dia dos Mortos). Mas não se entusiasme: o filme passou para a história como uma daquelas fantásticas trasheiras dos anos 80. Ou seja, diversão garantida.


O filme começa em pleno século XVII, tempo de caça (literal) às bruxas na Nova Inglaterra. Um poderoso feiticeiro (Julian Sands, que já foi até vilão da série 24 Horas) é condenado à execução, mas consegue se transportar para o século XX a fim de cumprir uma tenebrosa demanda: reunir um grimório (ou seja, livro de feitiçarias) que contém o nome secreto de Deus – que, se for pronunciado de trás para frente, provocará a reversão de toda a Criação. Um destino pior do que aquele proporcionado pela boa e velha Skynet...

Ele terá, claro, um nêmese: um caçador de bruxos (vivido por Richard E. Grant, um ex-Doctor Who) que tem certas contas a acertar com o feiticeiro. E uma amalucada (Lori Singer, de Footloose) ensinando a ele como lidar com as peculiaridades do século XX, enquanto enfrenta terríveis problemas de rugas.

O roteiro é esburacado como uma estrada vicinal, e as atuações também não são, digamos, exemplares. Mas o filme é engraçado, e instrutivo: nele se aprende, por exemplo, a usar um prego e um martelo para ferir um bruxo à distância. Ou o fantástico poder dos globos oculares como bússolas místicas!

Quem gostar, pode se aventurar com as continuações. Eu não vi, mas imagino que devam ser beeeem piores!

Ficha técnica:
Direção: Steve Miner
Produção: Roger Corman
Roteiro: David Twohy
Atores: Julian Sands, Lori Singer, Richard E. Grant
Trilha sonora: Jerry Goldsmith
Duração: 103 minutos


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Santuário...prepare o respirador




Por Ana Lucia Venerando

Produzido por James Cameron, este longa deve ser visto em 3 D. Do contrário, é mais um daqueles filmes de ação que já conhecemos de olhos fechados... o experiente explorador vivido por Frank McGuire (Richard Roxburgh) que não suporta o estilo de vida das cidades grandes. O filho carente, interpretado por Josh (Rhys Wakefiel). E, claro, o empresário boa-pinta Carl (Ioan Gruffudd), que no fundo não passa de um egoísta excêntrico. Algo parecido com o filme Limite Vertical, dirigido por Martin Campbel.

Na película de 2000, uma equipe de escaladores liderada por Annie Garre (Robin Tunney) enfrenta condições de tempo adversas ao tentar alcançar o cume do K2, a segunda maior montanha do mundo. Após uma série de desastres, eles ficam presos na montanha, forçando que o irmão da líder da equipe, Peter Garret (Chris O'Donnell),monte uma equipe de resgate.

Assim como em Limite Vertical, não demora para que um desenrolar de acontecimentos coloquem em risco a vida dos personagens de Santuário - baseado em uma história real, vivida pelo roteirista do filme Andrew Wight . Em vez da neve e do frio, a equipe de mergulhadores do Santuário terá que driblar a escuridão, água em excesso e falta de ar.

O grande mérito do filme é a utilização das mesmas técnicas de fotografia em 3 D, com as lentes desenvolvidas por Cameron em Avatar (2009). È forte a sensação de claustrofobia provocada pelas circunstâncias da história e do recurso 3 D. É como se o espectador fosse mais um mergulhador se aventurando em um escuro labirinto de pedras.

Ficha técnica
Título original:Sanctum
Gênero:Aventura
Duração:1h19
Ano de lançamento: 2011
Estúdio: Universal Pictures Relativity Media Wayfare Entertainment Great Wight Productions/ Osford Films Sanctum Australia
Distribuidora: Universal Pictures (EUA) Paris Filmes (Brasil)
Direção: Alister Grierson
Roteiro: Andrew Wight e John Garvin, baseados em história de Andrew Wight
Produção: James Cameron, Andrew Wight, Ben Browning, Ryan Kavanaugh, Michael Maher e Peter Rawlinson
Música: David Hirschfelder
Fotografia: Jules O'Loughlin
Direção de arte: Jenny O'Connell
Edição: Mark Warner


domingo, 6 de fevereiro de 2011

O duelo eterno


Por Sérgio Siscaro



O cinema da década de 70 é repleto de joias que não tiveram muita atenção na época, ou que foram depois esquecidas. Mas algumas produções se tornaram cult por anteciparem tendências que viriam depois, ou por apresentarem os primeiros trabalhos de diretores que mais tarde fariam clássicos memoráveis. Os Duelistas (The Duellists, 1977), dirigido por um jovem Ridley Scott, é um deles.
Baseada em um conto de Joseph Conrad (o mesmo de O Coração das Trevas, que daria origem a Apocalypse Now), a história se passa durante as Guerras Napoleônicas, cobrindo desde as vitórias iniciais da França sobre seus adversários até o amargo fim da experiência bonapartiana, com o exílio e a restauração da monarquia. O filme é extremamente fiel ao original, usando as batalhas na Europa como um pano de fundo para o conflito principal: o dos personagens D'Ubert e Feraud. Eles se desentendem no início da trama, e Ferraud leva isso para o lado pessoal: eles devem acertar o assunto por meio de um duelo.
Só que os embates entre os dois são sempre inconclusivos, e passam-se anos entre um duelo e outro. O destino dá suas voltas: Feraud declina na sua carreira, D'Ubert sobe. Mas a rixa não tem fim - e leva a história até o final (mais um pouco e teria os dois lutando com bengalas em um asilo).
A fotografia é excelente. Visto agora, fica claro que o filme foi um laboratório de pesquisas para Riddley Scott, que depois faria clássicos como Alien, Blade Runner e, mais recentemente, Cruzada e Falcão Negro em Perigo. O cast também é bom, ainda que o personagem de D'Ubert. interpretado por Keith Carradine, poderia ser um pouco melhor. Harvey Keitel está ótimo como o irascível Feraud, e o esquecido ator Tom Conti faz uma aparição memorável como amigo de D'Ubert.Tudo ao som de uma ótima trilha sonora.
Recentemente a L&PM lançou, na sua coleção pocket, o conto original de Conrad. Vale a pena conferir - e ver como o filme de Scott conseguiu sintetizar a obra e se manter fiel a ela, algo raro no mundo da sétima arte.
Recomendado!

Ficha técnica
Título Original: The Duellists
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Gerald Vaughan-Hughes, Joseph Conrad
Elenco: Keith Carradine (D'Hubert), Harvey Keitel (Feraud), Albert Finney (Fouche), Tom Conti (Dr. Jacquin).
Estreia no Brasil: 31 de Agosto de 1977
Duração: 100 minutos