segunda-feira, 23 de maio de 2011

O meu, o seu, o nosso querido Bob



Por Ana Lucia Venerando

Bill Murray é fantástico. E mais fantástico ainda está em Nosso Querido Bob (1991). Richard Dreyfuss também se supera neste filme. Murray interpreta o inseguro e paranóico Bob, que vive sozinho em um apartamento minúsculo, acompanhado apenas de seu peixinho dourado.

Na outra ponta, está o dr. Leo Marvin (Richard Dreyfuss) – psiquiatra bem-sucedido, seguro e com a carreira em pleno auge com o lançamento do seu primeiro livro Passo de Bebê.
Mas a tranquilidade do psiquiatra será quebrada a partir do momento que Bob passa a ser seu paciente. Logo na primeira consulta, o egocêntrico Leo avisa que sairá em férias e retornará após um mês.

Claro que Bob surta. Ele sossega apenas quando descobre o endereço da aconchegante casa de veraneio de seu terapeuta. Viaja quilômetros com seu peixinho pendurado no pescoço (dentro de um vidro com água). Ao chegar na residência da família Marvin, Bob ganha a simpatia dos filhos e da esposa do psiquiatra. Ao mesmo tempo torna a vida de Leo um inferno inacabável.

Bob passa a ser a mais nova celebridade, pois acaba participando da entrevista que dr. Marvin concede à TV sobre o seu livro e suas técnicas de terapia. Já o psiquiatra passa a ser considerado o maluco do pedaço.

O pior é que ele realmente surta e tenta “eliminar” para sempre Bob de sua vida. Claro que não consegue e o futuro será cruel para Leo Marvin.

Ficha Técnica:
Título Original: What about Bob?
Ano: 1991
Duração: 98 minutos
Gênero: comédia
Elenco:
Bill Murray (Bob Wiley)
Richard Dreyfuss (Leo Marvin)
Julie Hagerty (Fay Marvin)
Charlie Korsmo (Sigmund "Siggy" Marvin)
Kathryn Erbe (Anna Marvin)
Tom Aldredge (Sr. Guttman)
Susan Willis (Sra. Guttman
Fran Brill (Lily Marvin)
Direção: Frank Oz
País de Origem: EUA


Lady Vingança



Por Ana Lucia Venerando

No sul-coreano Lady Vingança, o diretor Park Chan-Wook só fortalece o velho ditado “a vingança é um prato que se come frio”. Aos 19 anos, a jovem Lee Geum-Ja (Lee Yeong-Ae) é condenada a 13 anos de prisão pelo sequestro e morte de um menino de 6 anos. Ela assume toda a culpa pelos crimes e acoberta o verdadeiro culpado, seu namorado e professor Sr. Baek (Choi Min-Sik). Quando descobre que está sendo traída, Geum-Ja passa todo o seu tempo na cadeia preparando um plano para se vingar do ex-amante. Até lá passará por todas as situações constrangedoras de um presídio feminino. Mas também usará este tempo para arquitetar seu plano e fortalecer amizades que a ajudarão no futuro.

A narrativa entre vários personagens e tempos cronológicos torna a primeira metade do filme confusa. Toda atenção é pouca. Caso contrário, o espectador acaba se perdendo e não conseguirá distinguir quem é quem. O diretor abusa dos jogos de câmera e brinca com cores fortes , principalmente a vermelha.

Apesar da história de Lady Vingança não ser nada de novo no cinema, a solução e o meio que a protagonista encontra para atingir seu objetivo é inusitada. Jigsaw – de Jogos Mortais – morreria de inveja de Lee.

A película é o último exemplar da trilogia sobre vingança tramada por Chan-Wook. As outras duas são Mr. Vingança (2002) e Oldboy (2003).

Ficha Técnica:
Título original: Chinjeolhan Geumjasshi
Lançamento: 2005
Atores: Lee Yeong-ae, Choi Min-sik, Go Su-Hee, Kang Hye-jeong, Kim Be-Seon, Kim Byeong-ok, Kim Shi-Koo, Kwon Yea-young, Lee Seung-Shin, Lim Su-gyeong
Duração: 112 minutos
Gênero: ação


terça-feira, 10 de maio de 2011

The Goonies




Por Ana Lucia Venerando

Para aqueles que são da geração das brincadeiras de caça ao tesouro e de mapa do pirata, vai a dica do The Goonies. Clássico de 1985, produzido por Steven Spielberg. Pode parecer que a fórmula é datada e só agrada ao pessoal saudosista. Pelo contrário. Assisti The Goonies com uma sobrinha nascida na época de internet e de Harry Potter. E ela chorava de dar risada.

É mais uma fábula que deixa a mensagem que o bem pode vencer o mal. Mas muito divertida. Emoldurado pela voz de Cindy Lauper com a música-tema, The Goonies ‘R’ Good Enough, o filme é ótimo para rir acompanhado de um belo pote de pipoca.

Uma empresa do ramo imobiliário está prestes a derrubar todas as casas de um vilarejo para a construção de um suposto rentável campo de golfe. Mas um grupo de amigos, inconformado com a situação, tem a sorte de encontrar um mapa de tesouro do pirata Willy Caolho.

Encabeçada por Mikey Walsh (Sean Austin) - o Sam, da trilogia O Senhor dos Anéis - a trupe irá cada vez mais se emaranhar em situações “perigosas” ao terem que enfrentar a crueldade e a ganância dos mafiosos Fratelli. Mama Fratelli é interpretada pela ótima atriz Anne Ransey, de Jogue a Mamãe do Trem (1987).

Hilárias são as cenas do personagem Bocão(Jeff Cohen) com os Fratelli, principalmente com Sloth (John Matuszak), caçula da família e vitíma de bullying (na época esta palava nem existia) da própria mãe e dos irmãos.

Ficha Técnia:
Título original: The Goonies
Lançamento:1985
Direção: Richard Donner
Duraçãoo: 115 minutos
Gênero: Aventura


quinta-feira, 5 de maio de 2011

A verdadeira hora do medo






















Por Sérgio Siscaro

No mundo da propaganda, dizem que o uso de crianças e animais nas peças publicitárias é garantia de atrair consumidores. Mas o que dizer de um filme que usa esses dois elementos em um cenário de terror? É o caso de Cemitério Maldito/ Pet Sematary (1989), dirigido por Mary Lambert e adaptado de um livro de Stephen King escrito em 1983. A história, para quem não conhece ou não se lembra, envolve um cemitério de animais no qual os mortos voltam à vida - só que de forma, digamos, diferente.



Com um elenco quase desconhecido (despontam o velho Herman Monstro e uma tripulante da Enterprise), o filme consegue manter um bom equilíbrio entre a dor da perda (claro que pessoas morrem! claro que alguém as enterra no tal cemitério para que voltem!), e ao mesmo tempo subverte as velhas regras do que é "de bom tom" num filme do gênero - e sem cair no grafismo explícito dos filmes sangue-e-tripas. Algumas cenas são cômicas (como a do bom fantasminha camarada) e outras são particularmente arrepiantes (como os flashbacks da infância da personagem principal), e mesmo os momentos mais emocionais não são piegas - são um sinal vermelho piscando "lá vem coisa". O final é perfeito, e não contradiz nada do que foi mostrado antes na tela. Ah, e tem os bons e velhos Ramones, com as músicas Sheena Is a Punk Rocker e - adivinhe - Pet Sematary!



Claro que fizeram uma continuação. E, naturalmente, foi decepcionante. Fique com o original. E leia o livro também!


Ficha técnica:
Título original: Pat Sematary (escrito errado mesmo!)
Elenco: Dale Midkiff, Fred Gwynne, Denise Crosby, Brad Greenquist, Michael Lombard.
Duração: 1h43min
Direção: Mary Lambert


quarta-feira, 4 de maio de 2011

Os Estranhos




Por Ana Lucia Venerando

Filme estranho é Os Estranhos (2008). Mesmo para quem gosta de roteiros com psicopatas. Com a participação de Liv Tyler, no papel de Kristen e de Scott Speedman, como James, a história não acrescenta nada. Talvez a sensação de ouvir um ou outro barulho estranho em casa se você for daquelas pessoas que se impressionam facilmente.

Após uma festa, o casal viaja para a remota casa de veraneio dos pais do rapaz. Mas num clima totalmente ruim já que Kristen recusa a proposta de noivado.

James fica com cara de bobo após a negativa da linda namorada. O clima tenso piora ainda mais com a chegada de três estranhos mascarados à casa. O trio aterroriza Kristen e James, que lutam a noite toda para se manterem vivos.

Talvez a proposta é mostrar o quanto o ser humano pode ser cruel apenas pelo prazer de ser, pois no início do filme aparece a informação que a história é baseada em fatos reais.
Existe a intenção da filmagem do Estranhos 2. Se alguém sobreviver ao primeiro filme, que se aventure...

Ficha Técnica
Título original: The Strangers
Duração: 90 minutos
Gênero:Terror
Ano de lançamento: 2008
Direção: Bryan Bertino
Roteiro: Bryan Bertino


Vampiros de Verdade




Por Ana Lucia Venerando

Se há um filme que não canso de ver é The Lost Boys (1987). Foi a partir desta película que virei fã incondicional de Kiefer Sutherland – o polêmico e fantástico Jack Bauer da saudosa série 24 Horas.
O ator Corey Haim (encontrado morto em março do ano passado) interpreta Sam, irmão de Michael (Jason Patric). Os dois são filhos de Lucy (Dianne Wiest). A história começa com a família se mudando para a casa do avô em Santa Carla – uma cidadezinha que guarda muitos segredos e convive com os misteriosos desaparecimentos de crianças.

Logo no início do filme, Michael se encanta pela enigmática Star (Jami Gertz). Mas a jovem está envolvida com uma gangue de vampiros, encabeçada por David – um Kiefer Sutherland jovem, cruel e loiríssimo. Quando Sam descobre que seu irmão Michael está se transformando em sanguessuga, busca a ajuda de dois habitantes da cidade que se intitulam caçadores de vampiros – Edgar Frog (Corey Feldman) e Alan Frog (Jamison Newlander).

O trio, então, sai à caça do líder dos vampiros para acabar com a maldição e salvar Michael da vida eterna. Esqueçam os atuais filmes de vampiros do tipo Crepúsculo – em que vampiro anda durante e dia e usa pó de arroz.

The Lost Boys garante muita diversão e ótima música logo no início com “People Are Strange, do The Doors, interpretada por Echo & The Bunnymen.
Alerta: a continuação The Tribe (2008) não faz jus à nave-mãe. Só vale ser vista por curiosidade de cinéfilo.

Ficha Técnica:

Título no Brasil: Os Garotos Perdidos
Título Original: The Lost Boys
País de Origem: EUA
Gênero: Terror
Tempo de Duração: 98 minutos
Ano de Lançamento: 1987
Estúdio/Distrib.: Warner Home Video
Direção: Joel Schumacher


domingo, 1 de maio de 2011

Mandando o ódio para escanteio


Por ser estreita a senda – eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.


Por Sérgio Siscaro

Superar obstáculos insuperáveis já é difícil o suficiente; mas quão árduo é, após ter vencido a batalha e derrotado os inimigos, oferecer a mão como sinal de amizade e esquecer o passado cruel e doloroso? Esse é o tema de Invictus/Invictus (2009), filme de Clint Eastwood que explora os primeiros anos do governo de Nelson Mandela na África do Sul usando um prisma diferente: o do esporte.

Baseado no livro Playing the Enemy: Nelson Mandela and the Game That Changed a Nation, de John Carlin (lançado em 2008), a história conta como Mandela (vivido pelo bom e velho Morgan Freeman) investiu para que a seleção nacional de rugby - esporte admirado pela minoria branca do país, e visto por muitos sul-africanos como um símbolo dos anos de apartheid - pudesse unir o povo do país, independentemente de cor, e sinalizar um novo futuro. Na liderança da equipe, o capitão François Pienaar (Matt Damon), que acaba se convencendo de que ganhar as partidas significa algo muito maior do que simplesmente derrotar o adversário de campo.

É claro que o filme usa algumas surradas convenções do cinema norte-americano. Apresenta um líder quase santo (apesar do contraste oferecido pelos problemas familiares de Mandela), que busca liderar seu povo rumo a um futuro melhor, sem ódio no coração nem malícia na alma. Também a velha história de superação está presente, no desafio que o time tem de não fazer feio na copa mundial de rugby de 1995 (realizada adivinhe onde? África do Sul!). No final, temos a antiquíssima metáfora do esporte como forma de se superar os conflitos sociais e unir a sociedade em torno de uma causa comum.

Apesar disso, o roteiro não deixa de lado a dor do personagem Mandela - numa ótima atuação de Freeman. O poema do escritor vitoriano William Ernest Henley (1849–1903) que dá nome ao livro e ao filme é declamado em uma cena na qual o capitão do time visita a velha cela do seu atual presidente. Os próprios dramas familiares de Mandela podem dar outra leitura à história -- após ter fracassado com sua família biológica, o presidente não queria falhar com sua família cívica, a nação. Claro que há um pouco de pieguice, mas não chega a comprometer a linha principal do filme: é possível perdoar após tanto mal ter sido feito por tanto tempo?

Essa própria obsessão de Mandela de virar a página se transforma em empenho para que a seleção de rugby avance - e para isso o líder aprende as regras desses bizarro esporte, decora os nomes de cada jogador e faz o time dar aulas na periferia. Tudo para unir essa segunda família, e redimir o presidente. Bafana, bafana!

Para aproximar mais a temática ódio x perdão do espectador, um recurso interessante é usado por Eastwood: a rivalidade entre os seguranças do presidente, que reúnem tanto velhos associados de Mandela dos tempos do Congresso Nacional Africano (CNA) quanto ex-assessores do regime anterior. Convivência complicada, para dizer o mínimo...

Uma nota final: o mesmo poema Invictus que inspira o santo Mandela e o capitão Pienaar no filme é aquele que, na vida real, foi recitado pelo diabólico Timothy McVeigh, responsável por atentados terroristas em Oklahoma (EUA) nos anos 90, no dia de sua execução.

Ficha técnica:

Título original: Invictus
Origem: EUA
Direção: Clint Eastwood
Elenco: Morgan Freeman , Matt Damon , Tony Kgoroge , Patrick Mofokeng , Matt Stern
Roteiro: Anthony Peckham, baseado em livro de John Carlin
Ano: 2009
Duração: 2h13min