Por Sérgio Siscaro
Não li o livro, e nem assisti à adaptação feita nos EUA. Assim, esta crítica em cima da versão sueca do primeiro livro da trilogia Millennium, de Stieg Larsson – intitulada Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (Män Som Hatar Kvinnor, de2009) – será focada fundamentalmente no filme em si. Questões como a fidelidade da adaptação terão de esperar até eu ler a obra original.
Não li o livro, e nem assisti à adaptação feita nos EUA. Assim, esta crítica em cima da versão sueca do primeiro livro da trilogia Millennium, de Stieg Larsson – intitulada Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (Män Som Hatar Kvinnor, de2009) – será focada fundamentalmente no filme em si. Questões como a fidelidade da adaptação terão de esperar até eu ler a obra original.
O filme é bom – uma história focada basicamente na crueldade de homens contra mulheres (daí o título, claro!) e na vingança que uma delas consegue executar. Talvez este seja um dos principais motivos que tornou o livro um best-seller alguns anos atrás (e que levou Hollywood a colocar seu neo-007 Daniel Craig para a versão norte-americana): é uma trama que trabalha bem a expectativa da audiência com relação ao merecido castigo aos malfeitores.
A história mostra um repórter investigativo em desgraça, Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist), que é contratado para resolver um caso de desaparecimento cometido há mais de 40 anos. Nas idas e vindas do filme, ele passa a ser ajudado por Lisbeth Salamander (Noomi Rapace), uma hacker que tem sérias questões pendentes relativas à maldade dos homens sobre as mulheres.
O desenrolar da trama é quase hollywoodiano, no sentido de explicar direitinho as causas antes dos efeitos, o que às vezes torna algumas cenas e reações previsíveis. Mas as interpretações da dupla principal (e de alguns atores secundários) segura o ritmo bem. E é interessante ver como uma sociedade como a sueca – que para nós, brasileiros, parece um longínquo exemplo de bem-estar social – também é capaz de armazenar ódios e transformá-los em rompantes de violência.
Os Homens que Não Amavam as Mulheres pode ser considerado um filme de mistério policial – afinal, a questão que move Mikael e Lisbeth é descobrir o que aconteceu com a sobrinha do milionário Henrik Vanger em 1966. No entanto, o peso psicológico das situações vividas pela hacker, assim como a própria natureza do caso investigado, dão um jeitão de Arquivo X misturado com O Silêncio dos Inocentes ao filme. Há ainda uma trama de fundo – as disputas entre a revista de Mikael, a Millenium, com um milionário – que não foi, na minha opinião, resolvida de forma muito satisfatória. Se bem que a trama pode ter sido retomada nas continuações...
A versão que eu assisti foi a estendida – ou seja, dois filmes de 90 minutos cada. Além desta primeira parte, foram também produzidas as adaptações dos dois livros restantes da trilogia (A Menina que Brincava com Fogo/Flickan Som Lekte Med Elden e A Rainha do Castelo de Ar/Luftslottet Som Sprängdes, ambos também de 2009) – que, por sua vez, também tiveram versões estendidas lançadas no mercado sueco, que foram exibidas na televisão em episódios de 90 minutos cada.
Ficha técnica
Título original: Män Som Hatar Kvinnor
Ano: 2009
Diretor: Niels Arden Oplev
Elenco: Michael Nyqvist (Mikael Blomkvist), Noomi Rapace (Lisbeth Salander), Lena Endre (Erika Berger), Sven-Bertil Taube (Henrik Vanger), Peter Haber (Martin Vanger).
Duração (versão estendida): 3 horas