A vingança é um prato que se serve
frio.
Khan
Por Sérgio Siscaro
Por Sérgio Siscaro
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Duelo de titãs! |
Em sua segunda investida no
cinema, a franquia Jornada nas Estrelas finalmente acertou o tom entre uma boa
ficção científica e ação. Dirigido por Nicholas Meyer, Jornada nas Estrelas II:
A Ira de Khan (Star Trek: The Wrath of Khan), de 1982, é com justiça lembrado
como uma das melhores transposições da série clássica de TV da década de 1960
para a telona.
Em linhas básicas, a trama gira
em torno da vingança de um vilão do seriado, Khan (interpretado por Ricardo
Montalbán). Criado por engenharia genética, ele e um grupo de super-humanos é
exilado da Terra em criogenia no então longínquo ano de 1996. Tentam controlar
a Enterprise, falham, e são depositados pelo capitão James T. Kirk em um
planeta desolado. Quinze anos depois, é hora do ajuste de contas. Em paralelo a
isso, há o desenvolvimento de um projeto científico, o Genesis, com o qual é
possível transformar matéria inorgânica em orgânica – ou seja, criar vida
praticamente do nada. No comando das pesquisas, uma antiga paixão do capitão
Kirk, Carol Marcus, e David – o filho que ele nunca conheceu.
A história transcorre em um ritmo
satisfatório, as interpretações (inclusive as canastronices de Montalbán e
Shatner) não comprometem, há novos personagens (além da “família” de Kirk, há
ainda a oficial vulcana Saavik, vivida por Kirstie Alley, dos seriados Cheers e Veronica's Closet) e cenas memoráveis – como a introdução de larvas nos
capacetes do (agora) primeiro-oficial Pavel Checov e de seu capitão Terrell. E,
para este resenhista, o filme é especial por ser um dos primeiros que vi no
cinema, e na época em que descobri a série de TV na Bandeirantes. Mas o grande tema de Jornada nas Estrelas II:
A Ira de Khan é a morte – sua proximidade e como lidamos com ela.
Essa linha de fundo fica clara
tanto ao se discutir o teste para oficiais do Kobayashi Maru (que só foi
resolvido por Kirk, e com trapaça, nos seus tempos de Academia) como com a
própria morte de Spock no final do filme. OK, ele volta em Jornada nas Estrelas
III: Em Busca de Spock, e isso fica óbvio quando o vulcano inicia uma “fusão
mental” com seu eterno “amigão”, o doutor McCoy. Mas é um momento que completa
e, de certa forma, resolve o dilema que o capitão Kirk exibia desde o início da
película: sua crise de meia-idade, na qual ele não aguentava mais ser um
prestigioso almirante da Frota Estelar, no lugar de sentar na cadeira de
comando de uma nave e sair navegando pelo espaço. O enfrentamento com Khan, a
descoberta de seu filho e a morte de seu melhor amigo farão com que chegue ao
final da película querendo mais. E garantindo o futuro da franquia, claro!
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"Vou perseguir Kirk até as luas de Níbia, até o Maelstrom de Antares e até as chamas da perdição antes de desistir!" |
Ficha técnica
Título original: Star Trek: The Wrath of Khan
Ano: 1982
Direção: Nicholas Meyer
Elenco: William Shatner (Kirk); Leonard
Nimoy (Spock); DeForest Kelley (McCoy); James Doohan (Scotty); Walter Koenig
(Chekov); George Takei (Sulu); Nichelle Nichols (Uhura); Bibi Besch (Carol);
Merritt Butrick (David); Paul Winfield (Terrell); Kirstie Alley (Saavik);
Ricardo Montalban (Khan).
Duração: 112 minutos