sábado, 26 de outubro de 2013

Em busca da juventude perdida

A vingança é um prato que se serve frio.
Khan


Por Sérgio Siscaro

Duelo de titãs!
Em sua segunda investida no cinema, a franquia Jornada nas Estrelas finalmente acertou o tom entre uma boa ficção científica e ação. Dirigido por Nicholas Meyer, Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan (Star Trek: The Wrath of Khan), de 1982, é com justiça lembrado como uma das melhores transposições da série clássica de TV da década de 1960 para a telona.

A classe de 1982...
Em linhas básicas, a trama gira em torno da vingança de um vilão do seriado, Khan (interpretado por Ricardo Montalbán). Criado por engenharia genética, ele e um grupo de super-humanos é exilado da Terra em criogenia no então longínquo ano de 1996. Tentam controlar a Enterprise, falham, e são depositados pelo capitão James T. Kirk em um planeta desolado. Quinze anos depois, é hora do ajuste de contas. Em paralelo a isso, há o desenvolvimento de um projeto científico, o Genesis, com o qual é possível transformar matéria inorgânica em orgânica – ou seja, criar vida praticamente do nada. No comando das pesquisas, uma antiga paixão do capitão Kirk, Carol Marcus, e David – o filho que ele nunca conheceu.

Khan aprontando das suas na série de TV
A história transcorre em um ritmo satisfatório, as interpretações (inclusive as canastronices de Montalbán e Shatner) não comprometem, há novos personagens (além da “família” de Kirk, há ainda a oficial vulcana Saavik, vivida por Kirstie Alley, dos seriados Cheers e Veronica's Closet) e cenas memoráveis – como a introdução de larvas nos capacetes do (agora) primeiro-oficial Pavel Checov e de seu capitão Terrell. E, para este resenhista, o filme é especial por ser um dos primeiros que vi no cinema, e na época em que descobri a série de TV na Bandeirantes.  Mas o grande tema de Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan é a morte – sua proximidade e como lidamos com ela.

Essa linha de fundo fica clara tanto ao se discutir o teste para oficiais do Kobayashi Maru (que só foi resolvido por Kirk, e com trapaça, nos seus tempos de Academia) como com a própria morte de Spock no final do filme. OK, ele volta em Jornada nas Estrelas III: Em Busca de Spock, e isso fica óbvio quando o vulcano inicia uma “fusão mental” com seu eterno “amigão”, o doutor McCoy. Mas é um momento que completa e, de certa forma, resolve o dilema que o capitão Kirk exibia desde o início da película: sua crise de meia-idade, na qual ele não aguentava mais ser um prestigioso almirante da Frota Estelar, no lugar de sentar na cadeira de comando de uma nave e sair navegando pelo espaço. O enfrentamento com Khan, a descoberta de seu filho e a morte de seu melhor amigo farão com que chegue ao final da película querendo mais. E garantindo o futuro da franquia, claro!
 
"Vou perseguir Kirk até as luas de Níbia, até o
Maelstrom de Antares e até as chamas da perdição
antes de desistir!"
 
Ficha técnica

Título original: Star Trek: The Wrath of Khan
Ano: 1982
Direção: Nicholas Meyer
Elenco: William Shatner (Kirk); Leonard Nimoy (Spock); DeForest Kelley (McCoy); James Doohan (Scotty); Walter Koenig (Chekov); George Takei (Sulu); Nichelle Nichols (Uhura); Bibi Besch (Carol); Merritt Butrick (David); Paul Winfield (Terrell); Kirstie Alley (Saavik); Ricardo Montalban (Khan).
Duração: 112 minutos