O facismo é fascinante. Deixa a gente ignorante
fascinada. E tão fácil ir adiante.
E esquecer que a coisa toda está errada.
Engenheiros do Hawaii, “Toda Forma de Poder”
Por Sérgio Siscaro
O grande trunfo do filme A Onda/ Die Welle (2008), dirigido por Dennis Gansel, é o de mostrar de forma didática e clara que a tentação pelo totalitarismo está sempre logo ali na esquina. Seja para o pretenso líder que quer ocupar um posto de autoridade e ser adorado (e obedecido) pelas massas, seja para quem não se encaixa na sociedade e gravite para um “movimento” que dê um significado maior à sua vida, o facismo infelizmente não morreu – e sua volta está mais ligada ao desencanto das pessoas do que aos ataques de ridículos neonazis.
Baseado em fatos reais ocorridos nos EUA na década de 60, o filme funciona porque não exagera; apresenta os personagens e seus problemas, e um professor com um dilema: como provar para seus alunos que é possível surgir um regime totalitário no início do século 21, aos moldes dos facismos do entreguerras, em um país tão moderno quanto a Alemanha (e que ainda tem a eterna responsabilidade histórica pelos crimes do 3º Reich)? Ora, pela prática. Mas a experiência acaba sendo muito mais bem-sucedida do que ele poderia esperar.
O elenco, formado na maior parte por jovens, também não deixa a peteca cair (o filme contou inclusive com uma atriz brasileira, Cristina do Rego – desconhecida por aqui, mas que já tem algumas participações lá fora –, no papel da problemática Lisa). E o professor Weger, vivido por Jürgen Vogel – experiente em várias produções alemãs, como Adeus, Lenin! (2003) – também convence.
Um grande filme, que na época de seu lançamento atraiu alguma atenção, e só. Merece ser revisto. Para evitar que a história se repita. De novo.
Ficha técnica
Título original: Die Welle
País: Alemanha
Ano: 2008
Duração: 107 minutos
Direção: Dennis Gansel
Elenco: Jürgen Vogel (professor Rainer Wenger), Frederick Lau (Tim Stoltefuss), Max Riemelt (Marco), Jennifer Ulrich (Karo), Christiane Paul (Anke Wenger), Jacob Matschenz (Dennis), Cristina do Rego (Lisa).
Muito bom.
ResponderExcluirAna Lucia Venerando
Muito bom.
ResponderExcluirAna Lucia Venerando