segunda-feira, 26 de setembro de 2011

"Não!"


Que amizade linda...

Por Sérgio Siscaro

Quando eu era criança, nos distantes Anos Setenta, a Sessão da Tarde costumava reprisar à exaustão a terceira parte da pentalogia O Planeta dos Macacos. Durante décadas foi o único exemplar da série que eu assisti, já que os demais nunca passavam na programação (OK, tinha a série de TV). O que me chamava mais a atenção não eram as "macacadas" de Cornelius e Zira no século 20, ou a maldade previsível dos militares. Mas a história de como o planeta Terra seria, no futuro, dominado pelos nossos outros primos primatas. Cornelius contou para alguém que uma praga havia dizimado todos os cães e gatos; e os humanos decidiram então adotar os macacos como pets, ajudantes, auxiliares, escravos... Até que um dia um deles disse, pela primeira vez, uma palavra.

E ela foi "não".

O recente Planeta dos Macacos: A Origem (odeio esses títulos invertidos! Não poderia ser A Origem do Planeta dos Macacos? Mas não, tem que exibir a franquia direitinho!) tentou permanecer fiel a esse esquema, deixando de lado a refilmagem de O Planeta dos Macacos feita no início da década passada. E, assim como o filme que divertia as Sessões da Tarde d'antanho, tem uma trama simples, e não muito mais que isso. OK, os efeitos são legais (ao invés de atores em fantasias, optaram por uma solução-Gollum, usando inclusive o mesmo ator).

Mas os clichês são de doer. A "fórmula da inteligência" de um cientista que busca curar seu pai. O "santuário" para onde mandam o jovem macaco-gênio é uma casa de torturas. E por aí vai... O final desafia a lógica mais simples, e leva mais açúcar que a fábrica da Nestlé na Suíça...


Vai um desodorante aí?

E as interpretações? James Franco está beeem além do Duende Verde da trilogia Homem-Aranha, e a namoradiha Freida Pinto (a brasileira, acho, Carolina Aranha) parece que foi incluída no roteiro apenas para que as más línguas não insinuassem alguma relação mais íntima entre o homem e seu macaco. Só o véinho Lithgow salva a pátria -- e olha que o personagem dele tem Alzheimer -- e o Cesar, claro, vivido (com efeitos especiais etc) pelo bom e velho Gollum. Vai um my precious aí?

Só uma palavra salva Planeta dos Macacos: A Origem. Uma palavra que traduz a disposição de não deixar as coisas como estão, de fazer a revolução. Uma palavra que mostra que, afinal, o macaco estava certo.

Não.

Ficha técnica:

Título original: Rise of the Planet of the Apes
Ano de produção: 2011
Diretor: Rupert Wyatt
Elenco: Andy Sirkis (Cesar), James Franco (Will Rodman), Freida Pinto (Caroline Aranha), John Lithgow (Charles Rodman)


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